A Excelência Artesanal

Gucci foto reprodução

Foto Divulgação Gucci

Conhecida mundialmente como referência em  design, moda e arte, a Itália, em muito, deve essa fama  à excelência de sua capacidade artesanal, fruto dos conhecimentos de um outro tempo, transmitidos de pai para filho.  Desde sempre, o  país é fecundo em formas de trabalhar artesanalmente diferentes materiais, onde o “feito à mão”  agrega grande valor ao produto.

Foram em pequenas “bottegas”, laboratórios e oficinas que surgiram renomadas marcas italianas de móveis, alta costura, sapatos, objetos etc. Através do  trabalho minucioso, rico de manualidade e técnica de muitos mestres da arte de se fazer com as  mãos, foi possível  alcançar  o auge da qualidade, originalidade e criatividade.

Sempre me surpreendo com a história de marcas como por exemplo Poltrona Frau que nasce 1912  no setor moveleiro, Alessi de 1921, nasce como oficina mecânica para produtos de mesa e cozinha,  Gucci   nasce como pequena fábrica e loja de  artigos de couro em 1921, Salvatore Ferragamo desde 1927, surge como sapataria em  Florença, e assim, tantas outras.

São produtos que possuem uma grande tradição  artesanal impressa em suas origens, com valores  que se refletem em suas histórias e  continuam como referimento, ainda hoje, embora tenham se tornado fenômenos mundiais, produzidos em escala industrial e objetos de desejo de milhões de pessoas.

Poltrona Frau fotos reprodução 2

Divulgação Poltrona Frau

 

Laboratorio Salvatore Ferragamo 1937 - archivi Alinari Firenze

Laboratorio Salvatore Ferragamo 1937 – archivi Alinari Firenze

Publicidade

Expo Milano 2015 abre suas portas

Parvilhão do Brasil

Pavilhão do Brasil

Finalmente chegou o dia de visitar a tão esperada e polêmica Expo 2015, a Exposição Universal que acontece a cada 5 anos, desde 1851.  Um de seus íncones é a torre Eifel, em Paris, legado da exposição de 1889. Esta edição é  sediada por Milão,  com o tema focado na alimentação sob o título “ Nutrir o Planeta, Energia para a vida”, onde mais de 130 países são desafiados a apresentarem soluções para a melhoria da vida de milhões de pessoas, com sustentabilidade e preservação do meio ambiente.

Acontecimento que muito se falou nos últimos anos na Itália,  e gerou grande expectativa e curiosidade em todo o país, e comigo não foi diferente. Entrei bem cedo, mas em poucos minutos já se faziam filas em frente aos pavilhões mais disputados, muitos estrangeiros e muitíssimos italianos vindos de toda parte. O percurso foi desenvolvido na forma do “Decumano” ( “do latim: decumanus, consistia em uma via que atravessava de leste a oeste as antigas cidades romanas”).

Sem dúvida, minha grande expectativa era em torno  da arquitetura dos pavilhões, sede dos  países participantes. Muitos destes, produto de concursos de progetação, em que participaram studios de renome internacional. O resultado, eu definiria como um  espetáculo cenográfico que oferece uma viagem na arquitetura contemporânea.  Alguns se distinguindo pelo design futurista, outros pela tecnologia digital e virtual, outros por estruturas baseadas em materiais sustentáveis, não faltando  projetos  visualmente impactantes, além de muitas áreas verdes.

Informada do grande sucesso  de público e mídia do Pavilhão  Brasileiro, o visitei primeiro, como boa e ansiosa brasuca. O pricipal motivo deste sucesso é uma enorme rede suspensa por onde o público é convidado a  percorrer interagindo com o ambiente. A rede foi idealizada pelo Studio Arthur Casas (vencedor do concurso) em parceria com o Atelier Marko Brajovic,  e foi pensada  “como a metáfora da rede – flexível, fluída e descentralizada” que representa o sistema de produção alimentar brasileiro.   A fila era enorme, mas fluiu, e em poucos minutos foi possível vivenciar a experiência lúdica, de admirável fantasia, merecidamente uma das estrelas da Expo.

Entre os progetos mais interessantes e  que me cativaram, destaco os pavilhões  da China,  Azerbaijão, França e Russia. Internamente não foi possível visitar muitos países, adorei o percuso expositivo do Japão, bonito e  interessantíssimo,  conseguem transmitir muitos elementos de sua cultura, aliando alta tecnologia à uma rica linguagem visual,  saí dali louca para viajar ao Japão e comer sushi. Imperdível “Palazzo Itália”, uma estrutura de 13.500 m², centro principal do pavilhão Italiano.  Um dia não basta para ver tudo, afinal são 1 milhão de metros quadrados, este foi apenas “ un assaggio”, certamente retornarei outras vezes.

Para quem planeja visitar Milão este ano, é uma excelente oportunidade para explorar uma babel de sabores, cores, culturas e tradições. Os países participantes oferecem inúmeras atrações e espetáculos, inseridos em um contexto repletos de  idéias, design, arquitetura, tecnologia e sutentabilidade. A exposição está aberta desde 1º de maio e vai até 31 de outubro de 2015.

Texto publicado no site da revista Ludovica em 24-05-2015

Pavilão china foto lenise

Pavilhão China

pavilhão brasil 2 foto lenise

Pavilhão  Brasil

Pavilhão China interno foto Lenise

Pavilhão China

Pavilhão França foto lenise

Pavilhão França

Pavilhão Russia foto 1 lenise

Pavilhão Rússia

Palazzo Itália foto lenise

Palazzo Itália

Fotos Take by me

Giò Ponti, O Mestre do Design

gio-ponti-2

Explorar o  complexo  legado de Giò Ponti (1891-1979)  tem sido entusiasmante, como designer de interiores, vivendo na Itália. Não seria exagero dizer que esta influente personalidade tenha contribuído fortemente para o surgimento do design neste país. Estreio o blog falando sobre este grande mestre, por ter sido ele para a arte, a arquitetura e o design uma fonte abundante de ideias, critatividade e vanguardismo, além de um significativo ponto de convergência.

Percorrer as ruas de Milão em busca de suas  notáveis construções, nos permite descobrir  e   visualizar  por  ângulos inesperados,  verdadeiras jóias da  arquitetura milanesa.Terra natal e profissional de  Ponti, Milão foi onde ele realizou algumas de suas mais importantes obras, testemunhas de  seu forte  vínculo  com a cidade, como o Edifício Pirelli e a Igreja de “ San Carlo Borromeo”.

Com uma trajetória extensa e curiosidade incansável se dedicou  com maestria a inúmeras áreas, indo muito além das artes decorativas e  arquitetura,  foi proeminente  na editoria (fundou a revista domus, 1928), percorreu a poesia e pintura, se notabilizou no design com as incríveis cerâmicas para a Richard Ginori (1923-1930). Desenhou móveis, lâmpadas, objetos de vidro,  tecidos, criou vestidos e cenografia para “ La Scala di Milano”. Um daqueles talentos, que em tudo que concebe, se sobressaem  os traços inconfundíveis da beleza e excelência.

Tantas de suas  criações restam símbolos de design atual e atemporal,  a “superleggera”  cadeira idealizada para a Cassina em 1955 e produzida até hoje, é um exemplo clássico, ou mesmo, a poltrona gabriela de 1971.

Sem a pretensão de apresentá-lo ou de analizar sua obra, apenas  ressalto o tamanho de sua importância. Um artista que merece sempre ser investigado e desvendado, não somente como ícone do passado, mas como inspiração ao olhar adiante.

Texto escrito para  no site da Revista Ludovica e publicado em 07/05/15